Sanidade da Carência

Papo de Adão
3 min readMar 26, 2021

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The Creation of Adam by Michelangelo

Em tempos de pandemia acredito que boa parte de vocês, meus caros leitores, têm tido pensamentos e reflexões sobre esse tema. Muitos de nós não lidamos bem com a carência, inclusive eu. A demora para compreender a diferenciação e o entendimento desse sentimento (bom e ruim) foi um processo longo. E ainda não acabou.

Começamos com a primeira verdade e porrada para alguns: todos nós somos seres carentes. O ser humano necessita da afetividade comunitária, seja ela para o bem ou para o mal. A maioria que pensa ao contrário é do gênero masculino, e sim, meu amigo, os homens são carentes. E não há problema nenhum em aceitar ou entender isso.

No atual momento, onde nos vemos botando máscara, tirando máscara e passando álcool em gel trinta vezes por dia, estamos expostos a viver conosco mesmos. Consequentemente, nos vemos vivendo e experimentando novos fatos e situações conosco mesmos. Gera-se, assim, um recluso solitário! Na solidão é que aflora o sentimento de carência e o seu lado destrutivo.

Para alguns pensadores a atitude de ser carente é simplesmente fugir da nossa própria essência, quando mais deixamos de ser humanos. O que corrobora o que vem a frente no texto. É importante entender de onde vem a carência e como isso atrapalha nossas vidas.

Cada um de nós tem uma fonte de onde esse sentimento ou a falta dele foi criada, quando crianças ou na fase adulta. Os carentes normalmente ou quase sempre depositam no outro uma culpa inexistente. O grande problema é o achismo de que o outro, parceiro(a), companheiro (a), conhecido (a) é a solução ou remédio para sanar a carência. Eu uso o termo sanar, com o significado de curar mesmo. O carente é um doente emocional que precisa entender que a cura vem dele mesmo.

A falta desta sanidade em relação ao sentimento é o que prejudica a maioria das relações hoje em dia — de amizade, amorosas, familiares e até profissionais. O problema deste EU doente e carente é a obsessão em depositar no outro a satisfação da sua necessidade afetiva. A única necessidade, porém, é o amor-próprio tão esquecido por nossa geração. Aqui a segunda porrada. O outro não “sana” sua carência, pelo amor de Deus!

Todo esse processo acarreta medos e receios, em todos nós. Medo de como o mundo e os outros irão nos julgar quando tomarmos essas ações. Eu nunca liguei para isso, sinceramente. Mas o que você prefere? A criação de uma infindável carência? Caso você não se ame e se baste, a demonstração de amor e carinho de um outro nunca será o bastante. É o famoso clichê: se ame antes de amar alguém.

Porém, eu volto ao ponto que a carência é normal no ser humano. Todos somos, de certa forma, carentes. Não se sinta mal. Sinta-se mal por não tentar entender todo o processo e fechar os olhos para isso. O melhor é sempre tentar se entender, sempre! Digo isso tudo pois a carência, considerada em sua negatividade, é um sentimento que cega, traumatiza e sabota-nos.

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