Frenesi do Consumo

Papo de Adão
3 min readApr 20, 2021

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Qual foi seu consumo hoje? O que você disse que não ia comprar e infelizmente comprou? Calma lá, amigos de esquerda. Não estou aqui para taxar o capitalismo ou dar lição de moral para quem é consumista. Cada um que saiba viver sua vida. Porém, o que o consumo de tudo de forma categórica hoje em dia vem diminuindo você?

Pois bem, todos nós somos consumistas, mesmo algum sendo muito econômicos. Hoje, não se trata de uma lição ou texto-aula sobre como economizar. Inclusive gastem no que quiserem. Coisas supérfluas são do ser humano, mesmo que seja redundante e não necessário. Aqui, é mais um texto para tentar entender o mundo consumista que vivemos e onde você se encaixa como produto.

Caso você fosse um produto, em qual categoria você estaria? Ou melhor, em qual parte da gondola de supermercado estaria? Ok, seus produtos Premium, vamos ser humildes pois você não é lá tudo isso.

Comecemos com o amor-próprio. Ele, sim, irá te trazer um valor inalcançável internamente e invejável externamente. Quanto mais estamos bem conosco mesmos, incluindo os nossos defeitos, podemos nos considerar premium ou nos valorizar. Até porque amor-próprio é a autovalorização. E isso transparece para outros! Ou seja, marketing feito com maestria.

Infelizmente, para muitos de nós que estão lendo ou não, é colocada uma categorização errônea e desumana. Digo desumana pois, enquanto não nos entendemos e nos autovalorizamos, não podemos nos equiparar ou adentrar ao consumismo afetivo dos tempos atuais. E eu entendo que o mercado prejudica, pois ele que dita o nosso “preço” e assim vai ferindo nossa autoestima.

Há um consumismo afetivo, em relações profissionais, de amizades e até amorosas. Hoje em dia, por causa do consumo, há uma grande descartabilidade de pessoas. Descartabilidade mais impactante do que as dos produtos em si. Nós somos humanos querendo competir com um mercado desumano. Sofremos por não saber o que nos atinge externamente. Ou seja, uma epidemia cíclica que bota em cheque os relacionamentos amorosos.

Atualmente, os relacionamentos amorosos vêm tendo um prazo de validade menor em comparação com as gerações e décadas passadas. Não estou dizendo que os relacionamentos eram melhores nos passados, porém o processo de mais valia antigo não desumanizava tanto.

O grande problema é o mercado afetivo desenfreado, com humanos inacabados que coisificam outros humanos que estão sem autovalorização. Como já exemplificava o filosofo sul-coreano Byung-Chul Han, sobre a produção capitalista interferindo diretamente em sua vida. Ou seja, então quem melhor para me dar valor do que eu mesmo? Eu sei do que eu gosto e o que me faz bem. Seguindo essa regra diária, podemos, sim, nos demonstrar e nos “precificar” no mundo.

A minha pergunta: as suas relações, caros leitores, se tornaram perecíveis? Agora têm data de validade?

Essa tendência frenética só piora você, e apenas o seu EU. Faz parte da vida participar deste mercado e por fim entender que nem tudo é erro, mas aprendizado. No aprendizado nos tornamos nossa melhor versão, ou a tua versão premium. Os humanos sempre serão produtos mutáveis. E, assim, vamos vivendo sem ter medo da oferta e demanda.

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